O TDAH é uma doença neurobiológica que afeta pessoas de todas as idades e se manifesta de maneira diferente em diferentes fases da vida. O TDAH pode afetar negativamente os resultados acadêmicos, profissionais e interações sociais, devido aos sintomas de desatenção, inquietação e impulsividade.
Compreendendo a natureza do TDAH
Estudos apontam que alterações nos neurotransmissores, particularmente na dopamina e noradrenalina, desempenham um papel fundamental no desenvolvimento do transtorno. Essas substâncias químicas são responsáveis por estabelecer conexões entre os neurônios na região frontal do cérebro, área associada à atenção, concentração e controle dos impulsos.
Prevalência e início precoce
Estima-se que o TDAH afete de 3% a 5% das crianças em idade escolar, com uma prevalência ligeiramente maior entre meninos. No entanto, é importante ressaltar que o transtorno não é exclusivo da infância. Embora os sintomas geralmente se manifestem antes dos 7 anos de idade, eles podem persistir na adolescência e vida adulta se não forem devidamente tratados.
Sintomas característicos em diferentes fases da vida
Crianças e adolescentes
Em crianças e adolescentes, os sintomas do TDAH são mais evidentes e incluem:
- Agitação constante, inquietação e movimentação excessiva
- Dificuldade em permanecer sentado e concentrado em atividades prolongadas ou repetitivas
- Facilmente distraído por estímulos externos ou pensamentos internos
- Esquecimento frequente de tarefas, materiais escolares e recados
- Impulsividade, interrompendo conversas e agindo sem pensar
- Dificuldade em se organizar e planejar atividades
- Desempenho escolar inferior ao esperado para a capacidade intelectual
Adultos
Embora os sintomas de hiperatividade possam diminuir na idade adulta, outras manifestações do TDAH persistem, como:
- Dificuldade em organizar e planejar atividades diárias
- Estresse ao lidar com múltiplas tarefas e compromissos
- Propensão a abandonar tarefas pela metade ou a trocar de atividade com frequência.
- Necessidade de apoio de outras pessoas para lembrar de compromissos e obrigações.
- Dificuldades nos relacionamentos pessoais e profissionais causadas por falta de atenção e comportamento impulsivo.
Tipos de TDAH
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), o TDAH pode ser classificado em três tipos:
- TDAH com predomínio de desatenção: nesse caso, a desatenção é o sintoma predominante, manifestando-se em grandes dificuldades para manter o foco e a concentração.
- TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade: aqui, a hiperatividade e a impulsividade são os sintomas mais evidentes, com agitação motora excessiva e dificuldade em controlar impulsos.
- TDAH combinado: este tipo engloba tanto sintomas de desatenção quanto de hiperatividade/impulsividade, sendo o mais comum entre os indivíduos diagnosticados.
Comorbidades associadas ao TDAH
Pessoas com TDAH estão mais propensas a desenvolver outros transtornos psiquiátricos, conhecidos como comorbidades. Algumas das comorbidades mais comuns incluem:
- Ansiedade
- Depressão
- Transtorno Opositor Desafiante (TOD)
- Transtorno de Conduta
- Transtornos de Aprendizagem
- Uso abusivo de álcool e outras drogas (principalmente na adolescência)
Causas e fatores de risco
Embora as causas exatas do TDAH ainda não sejam totalmente compreendidas, várias teorias têm sido propostas:
Fatores genéticos
Estudos indicam que o TDAH tem uma forte componente genética, com uma maior incidência entre membros da mesma família. Mas é importante lembrar que a hereditariedade não é o único fator que determina o resultado.
Fatores neurológicos
Como mencionado anteriormente, alterações nos níveis de neurotransmissores, como a dopamina e a noradrenalina, estão intimamente ligadas ao desenvolvimento do TDAH. Essas substâncias desempenham um papel essencial na regulação da atenção, concentração e controle dos impulsos.
Fatores ambientais
Embora não haja consenso, algumas pesquisas sugerem que fatores ambientais, como exposição a toxinas, complicações durante a gravidez ou parto, e traumas na infância, podem aumentar o risco de desenvolver TDAH.
Diagnóstico e avaliação
O diagnóstico do TDAH é realizado por profissionais de saúde mental, como psiquiatras, psicólogos e neurologistas, com base em critérios estabelecidos pelo DSM-IV ou pela Classificação Internacional de Doenças (CID). O processo de avaliação envolve:
- Entrevistas detalhadas com os pais ou responsáveis, professores e o próprio indivíduo
- Observação do comportamento em diferentes ambientes (casa, escola, trabalho)
- Avaliação do histórico de desenvolvimento e desempenho acadêmico/profissional
- Testes psicológicos e neuropsicológicos, quando necessário
- Exames médicos para descartar outras condições subjacentes
É importante ressaltar que o diagnóstico precoce e preciso é essencial para o tratamento do TDAH.
Tratamento multimodal
O tratamento do TDAH combina várias estratégias, como:
Medicação
Os medicamentos mais frequentemente indicados para o TDAH são os psicoestimulantes, como o metilfenidato (Ritalina) e a dextroanfetamina (Venvanse), que atuam regulando os níveis de neurotransmissores no cérebro, promovendo melhorias na atenção, concentração e controle dos impulsos. Em alguns casos, antidepressivos também podem ser utilizados.
Psicoterapia
A psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), é frequentemente recomendada em conjunto com a medicação. Ela ajuda os indivíduos a desenvolver estratégias para lidar com os sintomas do TDAH, melhorar as habilidades de organização e resolução de problemas, e fortalecer a autoestima.
Intervenções comportamentais
Técnicas comportamentais, como o reforço positivo e a modificação de comportamentos indesejados, podem ser implementadas em casa e na escola. Essas intervenções ajudam a estabelecer rotinas, limites e estruturas que facilitam o gerenciamento dos sintomas do TDAH.
Terapia ocupacional e fonoaudiologia
Dependendo das necessidades específicas do indivíduo, terapias ocupacionais e fonoaudiológicas podem ser indicadas para abordar habilidades motoras, de escrita, leitura e comunicação.
Orientação familiar e escolar
A orientação e educação para pais, professores e colegas de trabalho são fundamentais para promover um ambiente de apoio e compreensão, além de ajudar a implementar estratégias eficazes para lidar com o TDAH.
Técnicas para enfrentar o TDAH
Além do tratamento formal, existem várias técnicas e estratégias que podem ajudar as pessoas com TDAH a gerenciar seus sintomas de forma mais eficaz:
Organização e planejamento
- Usar agendas, listas de tarefas e lembretes
- Estabelecer rotinas e horários consistentes
- Dividir tarefas maiores em pequenas etapas
- Manter o espaço de trabalho organizado e diminuir as distrações
Gerenciamento do tempo
- Usar temporizadores e alarmes para manter o foco
- Priorizar tarefas e estabelecer prazos realistas
- Evitar a procrastinação e manter-se motivado
Estratégias de estudo e aprendizagem
- Usar técnicas de memorização e associação
- Fazer pausas frequentes durante o estudo ou trabalho
- Encontrar um ambiente de estudo tranquilo e livre de distrações
- Solicitar acomodações razoáveis, quando necessário
Autocuidado e automonitoramento
- Praticar técnicas de relaxamento e gerenciamento do estresse
- Manter uma rotina de sono saudável
- Fazer exercícios físicos regulares
- Monitorar os sintomas e identificar gatilhos